Por: Vanessa Cunha, em 30 de janeiro de 2016
A bacia hidrográfica amazônica é conhecida mundialmente pela sua dimensão e diversidade, nela se encontram rios com diferentes aspectos e de variadas dimensões, a floresta abriga uma rica biodiversidade ainda pouco conhecida, o clima quente e úmido da região tropical subsidia toda essa dinâmica e interação entre esses diferentes elementos.
A área total da bacia hidrográfica amazônica cobre uma superfície de 6.1 106 km2 e se estende desde 79° de longitude Oeste (rio Chamaya, Peru) até 48° de longitude Oeste (rio Pará, Brasil), e de 5° de latitude Norte (rio Cotingo, Brasil) a 20° de latitude Sul (Rio Parapeti, Bolívia) (Filizola et al, 2002), tem seus limites definidos ao sul pelo escudo brasileiro, ao norte pelo escudo das guianas, a oeste pela cordilheira dos andes e a leste pelo oceano atlântico, se estende por sete países da América do Sul, tem como um dos seus principais rios o Solimões cuja nascente localiza-se na cordilheira andina e recebe um grande número de afluentes de menor porte adentrando áreas da planície amazônica.
O rio Solimões é um rio de águas brancas, devido suas características e a localização de sua nascente, transporta uma carga significativa de sedimentos em suspensão, em maior parte estes sedimentos constituem-se de silte, argila e minerais dissolvidos, isto porque os rios de água branca nascem na cordilheira andina e pré-andina de onde transportam grande quantidade de sedimentos que são depositados em grande parte nos cursos médios e inferior da bacia (CARVALHO et al, 2009).
Rio Solimões na Ilha do Careiro. Foto: Vanessa Cunha, 2013
De acordo com interpretações feitas a partir de Carvalho (2006) entende-se que embora com baixa declividade, mas com muita energia, os rios que nascem na região andina ao adentrarem a planície amazônica removem com facilidade os sedimentos inconsolidados das margens côncavas e depositam nas margens conversas. Segundo Carvalho (2006) os cursos dos rios de água branca na Amazônia são muito instáveis, pois estão constantemente divagando em seus sedimentos e remodelando seus leitos, sobretudo na zona de transferência e deposição [...].
Os períodos de cheia e vazão são responsáveis pela configuração da vida na várzea amazônica, são responsáveis pela forma de ocupação deste espaço, na construção das casas, na agricultura e extrativismo, na pesca, etc. Destaca-se que a várzea possui duas fases distintas, porém interligadas e dependentes uma da outra, são os períodos de vazante e de enchente, trata-se de um sistema híbrido (BENATTI, 2005).
Furo encontrado na Ilha do Careiro. Foto: Vanessa Cunha, 2013
De acordo com Sternberg (1998) dentre os elementos que caracterizam a paisagem natural da ilha do Careiro, sobressai à água. É exclusivamente de sua atividade que derivam as formas do terreno e a ela se vincula a fisionomia vegetal da área.
Neste ambiente é possível verificar de modo intenso a relação homem x natureza cujo determinismo dá lugar ao possibilíssimo, o homem apesar de certas dificuldades consegue se adaptar a este sistema dinâmico e criar possibilidades de sobrevivência, modifica a paisagem e dá a várzea um novo cenário ao usar de suas terras em geral férteis na agricultura, praticar a agropecuária, as diferentes técnicas de pesca e o modo de sua moradia, neste lugar onde a dinâmica fluvial é intensa o homem necessita acompanha-la, por isso é comum encontrar moradores dizendo que já construíram três ou quatro casas para fugir das terras caídas.